De modo geral os brasileiros acompanham futebol ou pelo menos conhecem aqueles jogadores que são ou foram diferenciados. Pelé, Garrincha, Beckenbauer, Maradona, Ronaldo Fenômeno, Zidane, Cruyff etc. – todos de épocas já um pouco distantes. Hoje falamos de Messi, Neymar. Cristiano Ronaldo, Mapbé, Modric, Lewandowski etc.
Por que, entre tantos milhares de jogadores ao redor do planeta, apenas um punhado de atletas deixaram os seus nomes cravados na história? Por uma razão muito simples, além do talento nato, todos aplicam ou aplicavam os principais fundamentos do futebol, como assertividade do passe, o drible, o controle da bola, a impulsão, o arranque e a elegância nas passadas! E claro, treinamento, muito treinamento!
Vamos agora ao mundo da Cobrança. Da mesma forma, existem centenas de assessorias de cobrança/cobrança interna e apenas algumas se destacam, com índices de recuperação considerados decentes. O Brasil é um dos países com as piores taxas de recuperação de crédito: Apenas US$0,13 são recuperados a cada US$1,00 emprestado. A média mundial é de US$0,34 (Banco Mundial – 2021).
Por que o Brasil a não atinge este patamar?
Ora, os fundamentos principais da cobrança são simples e qualquer ser que habita este universo, os conhece:
– Quem cobrar? Como cobrar? Quando cobrar?
Uma vez definidas estas questões, aplica-se a estratégia necessária, considerando-se os instrumentos à disposição.
Voltando ao mundo do futebol, os atletas atualmente possuem chuteiras personalizadas, preparador físico dedicado, equipamentos de musculação de última geração, monitoramento das atividades físicas e todo um arsenal para dotá-los da condição física ideal. Em outras palavras, não é esta parafernália de acessórios que os torna notáveis, mas sim a aplicação dos fundamentos mencionados anteriormente e treinamento intensivo.
Outra diferença marcante é que, enquanto o profissional norte-americano recebe em média 33 horas de treinamento, no Brasil, o profissional é treinado por apenas 21 horas. Para não precisarem arcar com custos como hora extra, cerca de 40% das empresas brasileiras não realizam treinamentos fora do horário de trabalho.
De modo geral, os treinamentos são dirigidos aos operadores de cobrança (em fase de extinção) muito pouco ou quase nada aos demais níveis de supervisão e gerenciamento e, quando existem, não contemplam o uso das novas tecnologias para que estes instrumentos possam ser utilizados em sua plenitude. Além, é claro, dos imprescindíveis treinamentos em estratégia, planejamento, informações gerenciais e alocação de recursos.
Existem poucos profissionais dedicados a esta atividade de treinamento, porém existem alguns que possuem experiência de campo e em muito podem contribuir nesta atividade.
A nova tecnologia apenas simplifica e agiliza esta questão. Caso isto fosse imperativo de sucesso, os craques de antigamente não existiriam!!! Igualmente, discadores preditivos, redes neurais, inteligência artificial, modelagem de dados, algoritmos, chatbots e tantas outras facilidades servem apenas para aprimorar a cobrança, direcionando-os para a estratégia adequada. E o que define a estratégia? Testar…testar e testar!
Muitas vezes, a falta de um banco de dados sobre os devedores é o que impede a utilização de meios digitais. Plataformas e softwares geralmente contam com a solução para esse problema. Eles auxiliam na gestão de devedores e fazem um papel de organização que as empresas “analógicas” não possuem. Além de concentrar os dados e permitir mais abordagens, isso significa também que a digitalização reúne informações específicas e permite que, assim, cada devedor possa ser atendido de forma personalizada.
Vamos torcer para que as empresas de cobrança se tornem cada vez mais Maradonas e Pelés ao invés de milhares de pernas de pau que transitam no globo.